sábado, 15 de outubro de 2011

Netflix, a nova locadora do seu bairro



Em um passado não tão distante, quando uma nova locadora de filmes abria em um endereço próximo de casa a animação tomava conta da família. Primeiro chegavam os folders, sorrateiramente inseridos por baixo da porta ou camuflados nos jornais ou correspondências. Depois passavam os carros de som, estridentemente anunciando a novidade a quem quisesse ou não ouvir. O resultado desta avassaladora campanha publicitária era bem conhecido, pois logo os chefes de família (ou um integrante maior de idade) estariam fazendo o cadastro e de seus amados dependentes.
As semanas seguintes eram de pura alegria, pois não havia mais necessidade de frequentar a antiga locadora xexelenta, onde os desenhos animados fediam a vômito de criança e os suspenses pareciam ter feito figuração no próprio filme de seu conteúdo. Nessa nova locadora o cheiro era de plástico novo e as sinopses dos filmes totalmente legíveis, uma verdadeira utopia para os cinéfilos da idade da pedra. Desse jeito a locadora antiga teria que se reinventar ou acabaria fechando as portas.
A chegada do serviço de streaming de filmes Netflix ao Brasil trouxe de volta essas recordações. Desta vez os folders viraram banners e e-mails e os alto-falantes foram trocados pelos sites de compras coletivas e redes sociais. Mas o resultado foi exatamente o mesmo, em poucos dias lá estavam os ávidos clientes fazendo a sua fichinha, com a vantagem do primeiro mês gratuito.
E o que se espera da antiga locadora? Aquela que já perdeu o cheiro de plástico novo e que tem um pirateiro lhe abordando perto da entrada vendendo seus DVD’s mais baratos que uma diária? Meu palpite é que ela irá se sair muito bem... como lanchonete ou quem sabe uma bela pizzaria. Mas convenhamos, o risco negocial de uma locadora de filmes atualmente é equivalente ao de um torcedor com incontinência urinária levar sua namorada ninfomaníaca para um clássico do seu time do coração.
Além do suporte a diversos aparelhos (computador, videogames, TVs, etc) o Netflix oferece uma quantidade ilimitada de filmes pela módica quantia mensal de R$ 15,00 (quinze reais). Por este preço você terá acesso a uma grande variedade de títulos em boa definição e com acesso simplificado para usuários pouco experientes.
Entretanto (sempre há um entretanto), o acervo de filmes pode ser comparado ao encontrado em uma grande locadora prestes a fechar na véspera de um feriadão. A esta altura, devido aos pacotes de pague três leve cinco, as prateleiras de lançamentos estão absolutamente vazias e exatamente aquele filme legal que você queria rever está faltando, ou ainda, após alugar, fazer a pipoca e abrir o guaraná, descobre-se que o disco está arranhado. Assim é o Netflix, filmes com mais de dois anos de idade, apresentando vários defeitos e com algumas ausências ilustres no acervo.

Apesar disso, o serviço vale a pena, principalmente pela ausência de uma concorrência a altura neste momento, o que pode ser comprovado facilmente através da utilização do primeiro mês grátis.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Um novo dia para blogar


Sempre tive certa rejeição à ideia de redigir um blog. Em grande parte, devido à incerteza de que as postagens teriam alguma utilidade e seriam bem recebidas pelos leitores ávidos por uma boa informação. Aliado a isto, as ferramentas iniciais destinadas a essa finalidade eram precárias e cansativas. Quando deixaram de ser, parecia já ter ficado para trás a “era do blog”, agonizante face ao domínio absoluto das redes sociais e de outros instrumentos de comunicação em massa.

Tudo mudou nas últimas semanas, quando tive que rever minhas concepções anteriores. Primeiro constatei que os blogs não morreram. Ao contrário, estão mais fortalecidos que nunca, devido ao avanço das tecnologias de acesso. Com os feeds modernos não é mais preciso buscar a informação, ela vem até você. Os smartphones e tablets, sempre ao alcance de seus orgulhosos donos, tornaram prescindível o uso de um computador e a dedicação de um tempo exclusivo para ler qualquer coisa que lhes interesse.
Seduzido pelas dádivas tecnológicas, faltava apenas lidar com o teor da informação. Neste ponto, percebi que o importante era externar minhas reflexões sobre aquilo que afeta meu cotidiano, independente do interesse alheio. Como um palestrante que profere com vigor para uma plateia de deficientes auditivos, na esperança de que alguns ouvintes leiam seus lábios e simpatizem com suas ideias, passarei a redigir este blog.